quinta-feira, 25 de setembro de 2025

Bukele, Lula e o duelo de narrativas na ONU

 A Assembleia Geral da ONU, que se pretende o palco máximo do “consenso global”, mostrou neste ano algo mais profundo do que simples discursos protocolares: um choque de paradigmas. De um lado, Nayib Bukele, presidente de El Salvador, transformou sua fala em um manifesto de resultados, soberania e segurança. Do outro, Luiz Inácio Lula da Silva repetiu o script do progressismo internacional, repleto de promessas, diagnósticos e retórica moralizante.


Discurso de Nayb Bukele na Asembléia Geral da ONU - 2025 (DUBLADO)


Bukele e Bolsonaro: semelhanças de espírito

O estilo de Bukele lembra em muitos pontos o de Jair Bolsonaro: linguagem direta, enfrentamento às agendas globais, ênfase em valores tradicionais como Deus, pátria e família, e uma crítica aberta ao establishment internacional. Ambos desafiaram a cartilha “politicamente correta” de fóruns multilaterais e preferiram falar de soberania, segurança e defesa do cidadão comum.

A diferença está no terreno dos resultados. Bolsonaro foi implacável contra a corrupção e expôs vícios do sistema político brasileiro, mas foi bloqueado por instituições e adversários que neutralizaram grande parte de sua agenda. Bukele, por sua vez, conseguiu implementar medidas duríssimas que transformaram El Salvador no país mais seguro do hemisfério ocidental.


Lula: a falácia do discurso sem entrega

O discurso de Lula na ONU foi o de sempre: críticas às desigualdades globais, defesa do multilateralismo, promessas de cooperação climática e sociais. Tudo embalado em um tom professoral que encanta diplomatas, mas não convence populações que vivem o drama da insegurança, da violência e da falta de perspectivas.

Enquanto Bukele fala de vidas salvas e ruas devolvidas ao povo, Lula fala de narrativas, fóruns e compromissos internacionais cuja aplicação prática é mínima ou inexistente. Trata-se de uma falácia repetida: prometer que a “agenda global progressista” resolverá os problemas do mundo quando, na prática, ela cria entraves, burocracia e retrocessos.


A agenda progressista global: equivocada e destrutiva

Não se trata apenas de um erro inocente de prioridades. A agenda progressista global que domina organismos internacionais e setores da esquerda é nociva e destrutiva porque:

·         Despreza a soberania nacional, impondo soluções padronizadas que ignoram a realidade de cada povo.

·         Abandona o cidadão comum, substituindo preocupações práticas de segurança e bem-estar por debates ideológicos estéreis.

·         Alimenta elites políticas e burocráticas, enquanto cria dependência e fragilidade nos países em desenvolvimento.

·         Desacredita valores fundamentais como família, fé, propriedade privada e liberdade de expressão, em nome de um universalismo que, na prática, corrói as bases da sociedade.

O resultado é claro: países que seguem essa cartilha permanecem estagnados, inseguros e dependentes. Já aqueles que ousam romper com esse modelo, como El Salvador, sob Bukele, apresentam resultados que nenhum relatório da ONU consegue apagar.


Conclusão: entre a falácia e a eficácia

O contraste é brutal. Lula, aplaudido por burocratas, não apresentou nada além de falas previsíveis e teses repetitivas. Bukele, criticado por progressistas, apresentou resultados concretos: redução da criminalidade, crescimento do turismo e esperança renovada em seu povo.

A semelhança entre Bukele e Bolsonaro está na coragem de enfrentar um establishment hostil.

A lição é inequívoca: o mundo não precisa de mais retórica progressista, que é ineficaz, equivocada e destrutiva. Precisa de líderes capazes de entregar resultados concretos, defender soberania e resgatar valores que sustentam qualquer civilização. O exemplo de El Salvador é um sinal de que esse caminho não só é possível, como é o único capaz de devolver esperança real às nações.


quarta-feira, 24 de setembro de 2025

As Consequências da Política de Alinhamento do Brasil com Regimes Autoritários

A política externa de um país é reflexo direto da visão de mundo e do caráter de seus governantes. No caso do Brasil, sob a liderança de Luiz Inácio Lula da Silva, fica cada vez mais evidente uma preferência por alianças que extrapolam o pragmatismo diplomático e revelam afinidade com regimes autoritários e hostis ao modelo democrático ocidental. Esse posicionamento tem consequências sérias não apenas no plano internacional, mas também no ambiente político e institucional interno.



1. Afinidade ou Pragmatismo?

É verdade que toda nação precisa dialogar com diferentes atores globais, mesmo aqueles que divergem em valores e princípios. Contudo, há uma diferença clara entre manter relações diplomáticas e abraçar regimes que atacam frontalmente a liberdade, a democracia e os direitos fundamentais.

As reiteradas manifestações de proximidade entre Lula e líderes como Fidel Castro, Hugo Chávez, Ahmadinejad, Ortega e Assad, muitas vezes acompanhadas de elogios e gestos de amizade, ultrapassam os limites do pragmatismo e deixam transparecer um alinhamento ideológico. Isso compromete a credibilidade do Brasil como uma democracia estável e confiável.

 

2. Impactos nas Relações com os Estados Unidos

Os EUA, mesmo com seus problemas e contradições, representam hoje a maior potência do Ocidente e são defensores declarados de liberdades fundamentais, combate ao terrorismo e ao narcotráfico internacional.

Ao se aproximar de regimes que abertamente se colocam contra o Ocidente, o Brasil envia mensagens ambíguas:

·         Desconfiança diplomática: os EUA passam a ver o Brasil como um parceiro pouco confiável, capaz de oscilar entre o campo democrático e o autoritário.

·         Isolamento em agendas estratégicas: em questões como segurança regional, combate ao narcotráfico e ao terrorismo, o Brasil deixa de ser protagonista e assume um papel secundário ou omisso.

·         Perda de influência econômica: investidores internacionais, especialmente norte-americanos, interpretam essa postura como instabilidade política, reduzindo a confiança no Brasil como destino seguro de capital.

 

3. Reflexos Internos: Judiciário e Governo

A afinidade com regimes que relativizam a democracia não se limita ao campo da política externa. No plano interno, cria-se um ambiente fértil para práticas que fragilizam instituições e valores democráticos.

Nos últimos anos, observa-se um judiciário ativista, que ultrapassa suas funções constitucionais e atua de forma política, restringindo liberdades, perseguindo opositores e aplicando censura. Esse comportamento encontra no atual governo apoio tácito, uma vez que a narrativa é semelhante à dos regimes autoritários com os quais o Brasil busca se alinhar: concentrar poder, controlar discursos e relativizar garantias fundamentais.

 

4. Omissão no Combate ao Terrorismo e Narcotráfico

Outro reflexo grave dessa postura é a falta de firmeza em declarar organizações criminosas como grupos terroristas. Facções brasileiras, que hoje têm atuação internacional, não são tratadas com a devida gravidade, enquanto países vizinhos e parceiros estratégicos dos EUA reforçam sua cooperação no combate ao crime organizado.

Essa omissão:

·         Enfraquece a posição do Brasil no combate global ao terrorismo e narcotráfico.

·         Passa a imagem de um país leniente com o crime organizado, justamente em uma região marcada pelo crescimento de cartéis e facções transnacionais.

·         Afasta o Brasil da cooperação efetiva com os EUA e outras democracias que têm investido pesado nessa luta.

 

5. As Consequências para o Brasil

As escolhas de Lula têm repercussões de longo prazo, mas também efeitos imediatos de curto prazo, principalmente nas relações com os Estados Unidos:

·         Lei Magnitsky: cidadãos, políticos e empresários brasileiros podem ser alvo de sanções pessoais impostas pelos EUA, incluindo congelamento de ativos e restrições de visto, caso sejam interpretados como cúmplices de corrupção ou violações de direitos humanos.

·         Seção 301 do Trade Act: usada pelos EUA para retaliar práticas consideradas desleais ou hostis ao comércio internacional, podendo resultar em tarifas, barreiras comerciais e restrições ao acesso de produtos brasileiros ao mercado norte-americano.

·         Isolamento diplomático: o Brasil perde espaço nas discussões multilaterais e pode ver sua participação em fóruns internacionais esvaziada.

·         Risco econômico: investidores estrangeiros, atentos às sanções e ao afastamento dos EUA, passam a ver o Brasil como um país de risco, aumentando a fuga de capitais e a desvalorização cambial.

·         Erosão interna da democracia: o exemplo de aproximação com regimes autoritários reforça práticas semelhantes dentro do país, corroendo a confiança nas instituições nacionais.

 

Conclusão

A diplomacia de Lula não pode ser reduzida a “pragmatismo”. Quando se abraça e legitima ditadores, quando se omite diante do terrorismo e do narcotráfico, e quando se relativizam princípios democráticos no plano interno, o que se vê é uma escolha consciente de alinhamento.

Essa escolha tem custos concretos e imediatos: expõe o Brasil a sanções, fragiliza sua posição internacional, afasta investidores, compromete sua relação com os EUA e abre espaço para práticas autoritárias dentro do país.

Se o Brasil deseja ser protagonista global, precisa se colocar ao lado da liberdade, da democracia e da cooperação no combate ao terrorismo e ao crime organizado. Do contrário, corre o risco de se isolar e pagar um preço alto por alianças que não trazem estabilidade, mas sim destruição.

terça-feira, 23 de setembro de 2025

Brasil, emergente ou miragem?

A ilusão criada pelo capital estrangeiro

Nos últimos meses, muito se fala sobre a força do real e a atratividade do Brasil para o investidor internacional. O noticiário destaca a entrada de capital estrangeiro, a valorização da bolsa e até a queda do dólar frente à moeda brasileira. À primeira vista, pareceria que o Brasil finalmente estaria colhendo os frutos de uma economia sólida e de fundamentos confiáveis. Mas essa visão é, em grande parte, uma ilusão de ótica financeira.

O que realmente atrai o investidor estrangeiro não é a confiança em reformas estruturais. Não é um plano econômico de longo prazo. Nem mesmo um ambiente político estável. O que atrai o investidor internacional é um fator simples: a taxa de juros brasileira, a Selic, em patamar elevado.

Enquanto os Estados Unidos reduzem os rendimentos de seus títulos e a Europa mantém juros baixos, o Brasil segue oferecendo prêmios muito acima da média mundial. Em outras palavras, o estrangeiro enxerga aqui uma chance de ganhar dinheiro rápido, com baixo esforço, apenas estacionando recursos em títulos públicos e aproveitando o diferencial de juros.

A narrativa de que o Brasil é um “mercado emergente promissor” se apoia no movimento artificial do câmbio e da bolsa. Quando entram dólares, o real se valoriza, os títulos públicos se tornam ainda mais atrativos e parte desses recursos transborda para a bolsa.

Mas essa dinâmica não traduz a realidade do país.

·         A política continua instável e polarizada.

·         O crescimento econômico é baixo e irregular.

·         O ambiente regulatório muda ao sabor de disputas de poder.

·         A dívida pública segue alta e crescente.

Tudo isso mostra que o capital estrangeiro não está aqui porque acredita no futuro do Brasil. Está aqui porque o Brasil paga mais, ponto final.

Esse tipo de entrada de capital não é investimento produtivo. Não gera empregos de qualidade, não amplia a capacidade industrial, não melhora a infraestrutura. É dinheiro especulativo, que pode sair na mesma velocidade em que entrou. Basta o Federal Reserve (Fed) elevar juros novamente ou surgir uma crise política doméstica mais aguda para esse fluxo se inverter.

Quando isso acontece, o real se desvaloriza, a inflação pressiona e o Brasil se vê, mais uma vez, exposto à fragilidade de depender de capitais de curto prazo.

Portanto, associar a atual valorização do real ou a alta da bolsa a uma suposta “ascensão brasileira” é ignorar a essência da questão. O Brasil não é hoje um emergente que inspira confiança por seus fundamentos. É, na prática, um país em crise estrutural, com um alívio momentâneo proporcionado pela Selic alta e pela busca internacional por retornos fáceis.

Enquanto não houver reformas sérias, responsabilidade fiscal e estabilidade política duradoura, o Brasil continuará sendo visto pelo investidor global como um atalho para ganhos rápidos, e não como uma oportunidade de longo prazo.

O rótulo de “emergente promissor” que se tenta colar no Brasil nada mais é do que uma miragem criada pela força temporária dos fluxos financeiros. A realidade político-econômica segue mostrando um país em crise, cuja atratividade vem não da confiança, mas do custo do dinheiro.

segunda-feira, 22 de setembro de 2025

A Camuflagem Nacionalista da Esquerda Comunista

 A capacidade de metamorfosear da Esquerda Comunista é, de fato, admirável. Ao longo de toda sua existência, seja no Brasil ou fora dele, jamais foi um traço característico seu o nacionalismo ou o apreço pelos símbolos nacionais. Pelo contrário, sua trajetória histórica é marcada pelo desprezo ao patriotismo, pela ridicularização da bandeira nacional e pela constante promoção de uma luta que coloca a ideologia acima da pátria.

Durante décadas, o discurso foi claro: a bandeira vermelha da ditadura proletária sobrepõe-se a qualquer emblema nacional. O comunismo sempre se apresentou como um projeto supranacional, contrário à ideia de soberania e de identidade patriótica. A pátria, para eles, era um obstáculo a ser dissolvido no internacionalismo revolucionário.

No entanto, os tempos mudaram. O crescimento de uma massa popular que desperta para a verdadeira face da Esquerda Comunista, resgatando a essência patriótica de um povo que genuinamente ama sua nação e seus símbolos, forçou uma mudança estratégica. Diante desse avanço, a Esquerda recorreu àquilo que melhor sabe fazer: disfarçar-se.

Inspirados na lógica de “A Arte da Guerra” de Sun Tzu, assumem agora uma máscara de falso patriotismo. Um nacionalismo de ocasião, um amor de fachada pela pátria, um fingido apreço pela bandeira e pelo hino. Tudo cuidadosamente calculado, não para defender o Brasil, mas para não perder espaço político diante da crescente onda conservadora que resgata valores nacionais.

Esse fingimento não engana os mais atentos. A contradição é gritante: os mesmos que por décadas declararam orgulho em dizer “sou comunista com muito orgulho, vermelho é minha cor”, agora ensaiam discursos patrióticos que jamais corresponderam à sua prática.

O que se vê é apenas uma casca. Um verniz nacionalista que não resiste à primeira contradição interna, porque no fundo o objetivo permanece o mesmo: o projeto de poder comunista.

sexta-feira, 19 de setembro de 2025

Flávio Dino e o Escândalo dos Respiradores Fantasmas do Consórcio Nordeste

A pandemia de Covid-19 revelou não apenas fragilidades no sistema de saúde, mas também abriu espaço para um dos maiores escândalos de corrupção dos últimos anos: a compra de respiradores fantasmas pelo Consórcio Nordeste. No centro das denúncias está o governo do Maranhão, então comandado por Flávio Dino (PSB), hoje ministro do Supremo Tribunal Federal.


O Consórcio Nordeste e a compra bilionária

Criado em 2019 para unir forças administrativas entre os nove estados da região, o Consórcio Nordeste ficou responsável por centralizar a compra de equipamentos hospitalares durante a pandemia. Em 2020, anunciou a aquisição de 300 respiradores ao custo de R$ 48 milhões.

A nota de empenho assinada por Carlos Gabas, ex-ministro e secretário-executivo do consórcio, registrava que os equipamentos já haviam sido entregues em “perfeitas condições”. Contudo, nenhum respirador foi recebido.


O papel de Flávio Dino

O Maranhão, sob o comando de Dino, destinou R$ 4,9 milhões para a compra de 30 aparelhos que jamais chegaram ao estado.

  • O então secretário de Saúde, Carlos Lula, ex-advogado eleitoral de Dino, foi o responsável direto pelas transferências.
  • Investigações apontam que o governo maranhense pagou até R$ 200 mil por unidade, quando o preço médio nacional era de R$ 87 mil.
  • Relatórios de auditoria indicaram superfaturamento e recomendaram Tomada de Contas Especial no TCE-MA.

Apesar das evidências, o processo ficou emperrado após tentativas da própria Secretaria de Saúde de afastar a auditora responsável e impor sigilo sobre o caso.


As empresas e a fraude

O dinheiro foi parar em empresas sem experiência no setor:

  • Hempcare: com apenas dois funcionários, recebeu R$ 48,7 milhões.
  • Biogeoenergy: do empresário Paulo de Tarso, recebeu R$ 24 milhões para produzir respiradores em uma fábrica inexistente em Araraquara (SP).

Paulo de Tarso, atualmente em processo de delação premiada, admitiu ter recebido propina.


A blindagem institucional

Outro ponto polêmico foi a atuação do Ministério Público do Maranhão, que arquivou representações apresentadas por deputados estaduais da oposição. O procurador-geral Eduardo Nicolau seguiu parecer do promotor Danilo José de Castro Ferreira, alegando ausência de crime ou improbidade administrativa.

Essa blindagem contribuiu para a paralisia das apurações, apesar de recomendações da CGU e de auditores do TCE-MA.


O legado do escândalo

O caso dos respiradores fantasmas ainda tramita em instâncias como o STJ e na Polícia Federal, que já realizou operações como a Cianose, cumprindo mandados de busca e apreensão em diversos estados. No entanto, nenhum centavo dos R$ 4,9 milhões pagos pelo Maranhão foi devolvido.

Enquanto Flávio Dino segue carreira política e judicial, permanecem sem respostas as perguntas centrais:

  • Quem autorizou o pagamento antecipado sem garantias?
  • Por que o governo maranhense resistiu a dar transparência às operações?
  • Quem se beneficiou dos milhões desviados em plena crise sanitária?

Flávio Dino e a Farsa da “Reputação Ilibada” no STF

A chegada de Flávio Dino ao Supremo Tribunal Federal é o retrato mais claro da falência do critério constitucional de “reputação ilibada”. O dispositivo, que deveria proteger a mais alta Corte do país de ser transformada em balcão de negócios políticos, virou apenas uma formalidade protocolar.

Se comparado a “reputação ilibada”, atender a critérios mínimos formais de idade, currículo e aprovação do Senado deveria ser pura semântica para quem ocupará uma cadeira vitalícia no tribunal responsável por julgar presidentes, ministros, senadores e até interferir diretamente no destino do país. A pergunta é simples: um nome envolvido em controvérsias éticas, citado em delações e com histórico de alinhamento político descarado, representa de fato “reputação ilibada”?

E o pior. O Senado, que deveria ser o guardião desse filtro moral, age como mera extensão do Planalto. A sabatina, que deveria ser um crivo rigoroso, virou teatro: longas falas, perguntas ensaiadas e uma aprovação já combinada nos bastidores. Não há avaliação séria de caráter, não há escrutínio ético — há apenas a ratificação de um acordo político. Mas, uma pergunta que nunca foi feita: o que torna um grupo de políticos aptos a sabatinar tecnicamente um candidato a ocupar um cargo na mais alta Corte do país?

Em países como os EUA, um indicado ao equivalente da Suprema Corte é submetido a uma devassa pública em sua vida profissional e pessoal. Em nações europeias, conselhos mistos garantem que o processo não se resuma a barganhas políticas. Já aqui no Brasil, basta a canetada de um presidente e a complacência cúmplice de senadores (incompetentes) para colocar alguém no cargo mais poderoso da Justiça.

Enquanto isso, a população é obrigada a assistir ao espetáculo farsesco em que se confirma para o STF alguém cuja independência, capacidade e conduta é, no mínimo, questionável.


Conclusão

O escândalo dos respiradores do Consórcio Nordeste escancara como a pressa e a falta de fiscalização abriram espaço para um esquema de corrupção bilionário. Flávio Dino, à frente do governo do Maranhão, não apenas autorizou o repasse de recursos como também viu sua gestão ser acusada de omitir informações, tentar impor sigilo e proteger aliados envolvidos.

O caso permanece como uma ferida aberta na memória da pandemia e um desafio à impunidade de governantes que, em vez de priorizar vidas, permitiram que interesses políticos e financeiros se sobrepusessem à emergência nacional.

 


quinta-feira, 18 de setembro de 2025

Diga-me o que Pensas, Falas, Admiras e Apoias que Te Direi Quem És

O caráter de uma pessoa pode ser medido pelos seus hábitos: quem são seus heróis e ídolos, o que lê, o que ouve, o que fala, com quem conversa, as pessoas com quem convive e os lugares que frequenta. Tudo isso molda sua mente e direciona sua conduta. Negar esse princípio é ir contra a própria natureza humana. É um paradoxo afirmar que, mesmo cultivando hábitos questionáveis, isso não afeta quem você é. É impossível sustentar um bom caráter quando a psique se alimenta de práticas reprováveis ou duvidosas.

E aqui me atenho especialmente aos heróis, ídolos e às pessoas de convívio diário. Se, dentro dessa esfera, alguém manifesta pensamentos ou hábitos abomináveis, e isso não lhe causa incômodo ou constrangimento, significa que, consciente ou não, você pactua com tais práticas. Afinal, a tolerância diante do erro é, por si só, uma forma de concordância.

Esse princípio se estende também à esfera política. Não é admissível apoiar quem, de forma comprovada e reiterada, pratica a corrupção, mente como quem respira e se associa a outros tão ou mais vis, sustentando regimes atrozes. Apoiar tais figuras é fechar os olhos para a degeneração moral e, em última instância, tornar-se cúmplice dela.

Em suma, o caráter não se revela apenas no que alguém declara ser, mas sobretudo naquilo que escolhe admirar, tolerar e defender. É no reflexo dos hábitos, das companhias e dos apoios que se encontra a verdade sobre quem somos.

quarta-feira, 17 de setembro de 2025

O padrão de violência contra conservadores: uma leitura histórica, política e espiritual

1. O levantamento dos fatos

Se olharmos para os últimos sete anos, a partir do atentado contra Jair Bolsonaro em 2018, vemos um fio contínuo de violência que tem como alvo políticos e líderes conservadores. A lista é extensa e impressiona pela abrangência internacional:

2018 – Brasil: Jair Bolsonaro, então candidato à presidência, esfaqueado em Juiz de Fora (MG). Sobreviveu, mas carrega sequelas até hoje.

2019 – Alemanha: Walter Lübcke, político conservador, assassinado por um extremista.

2021 – Reino Unido: David Amess, membro do Partido Conservador, morto a facadas por um terrorista ligado ao Estado Islâmico.

2022 – Japão: Shinzo Abe, ex-primeiro-ministro, baleado durante comício; morreu em decorrência dos ferimentos.

2023 – Equador: Fernando Villavicencio, candidato à presidência, símbolo anticorrupção, assassinado logo após um comício.

2023 – Espanha: Alejo Vidal-Quadras, fundador do VOX, atingido no rosto por disparo; sobreviveu.

2023 – Holanda: Thierry Baudet, líder do Fórum para a Democracia, atacado com garrafa de vidro, ficou gravemente ferido.

2024 – Eslováquia: Robert Fico, primeiro-ministro, baleado; ficou entre a vida e a morte.

2024 – EUA: Donald Trump, alvejado na orelha por atirador; em setembro, outro atentado foi evitado por sua equipe de segurança.

2025 – Colômbia: Miguel Uribe Turbay, senador conservador e líder da oposição, baleado em junho; morreu em agosto após resistir em estado crítico.

2025 – Ucrânia: Andriy Parubiy, ex-presidente do Parlamento, assassinado a tiros em Lviv.

A esses nomes de maior destaque, somam-se inúmeros outros em escalas regionais — candidatos municipais e estaduais no Brasil, lideranças comunitárias, militantes de direita em diferentes partes do mundo. O padrão é claro: quem ousa desafiar a hegemonia progressista ou comunista vira alvo preferencial da violência.

 

2. A interpretação histórica: quando a violência se torna método

Não se trata de coincidência. O discurso contra conservadores é repetido em várias partes do mundo: “fascistas”, “nazistas”, “genocidas”, “radicais”. Essa linguagem não é gratuita: ela cria o ambiente psicológico que autoriza a violência, como se o adversário não fosse apenas um oponente político, mas um inimigo da humanidade que precisa ser “extirpado” — termo usado pelo próprio Lula no passado.

Essa lógica tem raízes no pensamento revolucionário. Karl Marx foi explícito: toda a ordem existente — religião, moral, direito, economia, família, educação — deveria ser destruída para dar lugar ao socialismo e, posteriormente, ao comunismo. Ou seja, não se trata de reforma, mas de destruição total.

Quando essa mentalidade é absorvida, os graus de adesão aumentam: primeiro, simpatia; depois, engajamento; em seguida, militância ativa; até chegar ao ponto em que o opositor é visto como obstáculo a ser eliminado fisicamente. O revolucionário, nesse estágio, já não enxerga a humanidade do outro, mas apenas um “inimigo de classe” ou “agente do mal” a ser aniquilado.

 

3. A dimensão filosófico-espiritual: além da política

Aqui, entramos em um campo mais profundo. Há atos de violência que podem ser explicados por paixão, vingança ou até desequilíbrio psicológico. Mas o que dizer do regozijo diante do sangue, da comemoração diante da morte de um opositor, da indiferença fria diante do sofrimento humano?

É nesse ponto que a explicação puramente psiquiátrica se esgota. O revolucionário tomado pela mentalidade de destruição absoluta entra em uma lógica que beira — ou ultrapassa — a dimensão espiritual. Como bem apontava Olavo de Carvalho, “o comunista quer te matar”. Não por acidente, mas porque a sua adesão a uma ideologia de morte o conduz inexoravelmente a justificar, desejar ou até executar o extermínio do adversário.

Essa mentalidade é anticivilizatória. Ela não constrói: apenas destrói. Ela não debate: cala. Ela não convence: elimina. E quanto mais o discurso de ódio contra conservadores for normalizado, mais casos como os listados acima continuarão a se repetir.

 

Conclusão

Estamos diante de um padrão histórico, político e espiritual. Os conservadores, em diferentes países, estão sob ataque físico, não apenas verbal. A esquerda, ao se apropriar do discurso de demonização do adversário, abre as portas para que mentes frágeis ou radicalizadas transformem palavras em balas, facadas e sangue derramado.

A pergunta que resta é dura, mas inevitável: quantos líderes conservadores ainda precisarão ser mortos para que o mundo perceba que esse caminho leva à aniquilação do próprio conceito de sociedade civilizada?

terça-feira, 16 de setembro de 2025

Da Engenharia Pedagógica ao Emburrecimento Programado: Uma Leitura Cruzada entre Pascal Bernardin e John Taylor Gatto

A crise da educação contemporânea não pode ser entendida apenas como um fracasso pedagógico ou administrativo. Dois autores – o francês Pascal Bernardin e o norte-americano John Taylor Gatto – demonstram, cada um à sua maneira, que essa crise é fruto de um projeto consciente de transformação social, no qual a escola deixa de ser instrumento de transmissão de conhecimento e torna-se aparelho de controle psicológico e cultural.

Bernardin, em Maquiavel Pedagogo, revela a estratégia global de engenharia pedagógica conduzida por organismos internacionais e fundamentada em conceitos gramscistas de hegemonia cultural. Já Gatto, em Emburrecimento Programado, mostra como essa lógica se concretizou no sistema escolar norte-americano, produzindo gerações de jovens intelectualmente empobrecidos e socialmente conformados.

Em Maquiavel Pedagogo, Bernardin descreve como reformas educacionais foram concebidas não para elevar o nível intelectual dos estudantes, mas para moldar valores, atitudes e comportamentos. Técnicas de psicologia social – como conformismo de grupo, dissonância cognitiva e dinâmicas de persuasão – são aplicadas sob a roupagem de inovação pedagógica.

Segundo o autor, organismos como UNESCO e OCDE orientam currículos que enfraquecem o papel da família, dissolvem tradições e criam um ethos compatível com uma “nova ordem mundial”. Trata-se de uma infiltração gramscista: em vez da revolução abrupta marxista, aposta-se na lenta conquista de mentalidades, especialmente pela escola e pela universidade.

Ex-professor premiado e crítico feroz da escola pública dos EUA, Gatto demonstra em Emburrecimento Programado que o sistema educacional foi deliberadamente estruturado para produzir mediocridade e conformismo.

Entre suas observações:

·         Fragmentação do saber: disciplinas superficiais impedem a construção de pensamento integrado.

·         Obediência à autoridade: horários rígidos, testes padronizados e currículos inflexíveis formam indivíduos passivos.

·         Dependência emocional e social: a escola ensina a buscar aprovação externa, não a autonomia intelectual.

O resultado, segundo Gatto, é uma população adaptada às exigências do mercado e da burocracia, mas incapaz de pensar criticamente – exatamente o que um projeto de controle social desejaria.

Ao cruzarmos os dois autores, fica claro que:

1.       Bernardin explica a estratégia; Gatto mostra os resultados.

·         Bernardin revela como elites e organismos globais redefiniram a função da escola.

·         Gatto mostra como, na prática, essa redefinição produziu gerações “programadas” para obedecer.

2.       A pedagogia como arma de hegemonia cultural.

·         Para Gramsci, a conquista da hegemonia passa pelo controle da cultura e da educação.

·         Bernardin mostra a engenharia pedagógica como aplicação dessa teoria.

·         Gatto prova empiricamente que a escola moderna realmente opera como um aparelho ideológico.

3.       Da infiltração à ruptura.

·         A escola gramscista forma mentes moldadas, que já não resistem ao discurso revolucionário.

·         O “emburrecimento programado” garante a passividade, preparando terreno para fases mais agressivas de dominação política.

A leitura cruzada de Bernardin e Gatto desmonta a narrativa de que a falência educacional é mero acaso. Pelo contrário, revela que:

·         O empobrecimento intelectual é instrumental, não acidental.

·         A escola se converteu em ferramenta de conformismo social, e não de emancipação.

·         A hegemonia cultural, uma vez estabelecida, neutraliza resistências e abre espaço para mudanças políticas radicais.

Maquiavel Pedagogo e Emburrecimento Programado compõem, juntos, um diagnóstico robusto: a crise educacional é o sintoma visível de um projeto de engenharia social global. Bernardin desvenda os mecanismos ideológicos e psicológicos, enquanto Gatto evidencia os efeitos práticos e cotidianos dessa manipulação.

Ambos convergem em uma denúncia: a escola moderna deixou de formar inteligências livres e passou a moldar consciências dóceis e manipuláveis. Esse processo não apenas ameaça a excelência acadêmica, mas redefine o próprio futuro da civilização, transformando a educação de caminho para a liberdade em via de servidão.

segunda-feira, 15 de setembro de 2025

A Tomada do Sistema Educacional: Um Cruzamento entre Maquiavel Pedagogo e a Estratégia Gramscista

O debate sobre a crise da educação moderna ultrapassa a mera constatação da queda de qualidade acadêmica. Ele envolve a denúncia de um processo planejado de transformação cultural no qual a escola deixa de ser espaço de transmissão de saberes para tornar-se instrumento de reengenharia social. Pascal Bernardin, em Maquiavel Pedagogo, alerta para a manipulação psicológica promovida por organismos internacionais e aplicada nas escolas por meio de pedagogias “inovadoras”. Quando cruzamos essa análise com a teoria gramscista da hegemonia cultural, o panorama revela uma estratégia coerente de ocupação gradual das consciências pela via educacional.

Bernardin destaca que a escola contemporânea passou a priorizar valores, atitudes e comportamentos em detrimento da formação intelectual. Técnicas psicológicas — como a dissonância cognitiva, a dramatização e o conformismo — são aplicadas como ferramentas pedagógicas, mas, na prática, funcionam como mecanismos de condicionamento. A consequência é o esvaziamento do ensino formal e o fortalecimento de uma agenda ética e cultural definida em instâncias supranacionais.

Esse processo não é casual: ele visa minar a autonomia da família, dissolver tradições e moldar consciências juvenis para a aceitação de uma nova ordem social.

Karl Marx via a revolução como ruptura violenta, marcada pela tomada de poder e pela ditadura do proletariado. Antonio Gramsci, ao contrário, percebeu que tal via era insustentável em sociedades ocidentais estruturadas. Em seus Cadernos do Cárcere, defendeu que a conquista do poder deveria ser gradual, cultural e institucional.

Para Gramsci, quem controla a educação, a cultura e os meios de difusão de ideias conquista a hegemonia: uma dominação menos visível que a militar, mas mais eficaz porque molda mentalidades de dentro.

A leitura de Maquiavel Pedagogo mostra como a estratégia gramscista encontrou campo fértil no sistema educacional:

Redefinição do papel da escola – Bernardin denuncia a substituição do ensino intelectual pelo “ensino não cognitivo” e pela aprendizagem social. Essa redefinição ecoa Gramsci, para quem a escola deveria ser espaço de formação ideológica e não neutra.

Tomada das universidades – Gramsci defendia que intelectuais orgânicos deveriam ocupar os espaços acadêmicos para difundir a visão revolucionária. Bernardin confirma que os Institutos de Formação de Professores se tornaram centros de difusão de psicopedagogia voltada a inculcar valores preestabelecidos.

Controle internacional da pedagogia – O autor expõe o papel da Unesco e da OCDE na difusão de modelos pedagógicos uniformizados. Tal ingerência global reforça a tese gramscista de que a hegemonia não se constrói apenas dentro das fronteiras nacionais, mas por meio de blocos históricos transnacionais.

Infiltração gradual – Enquanto Marx previa revolução abrupta, Bernardin mostra a eficácia da infiltração lenta: ciclos escolares reformulados, currículos adaptados, avaliações voltadas a atitudes. Tudo sem ruptura aparente, mas com efeitos profundos — o mesmo gradualismo defendido por Gramsci.

Aqui se encontra a chave do processo: Gramsci não substitui Marx, mas o prepara.

A hegemonia cultural conquistada pela infiltração educacional e pela formação de intelectuais orgânicos cria uma sociedade intelectualmente condicionada.

As novas gerações, moldadas desde cedo, assimilam valores e narrativas que fragilizam resistências às ideias revolucionárias.

Uma vez que a hegemonia esteja consolidada, o terreno está pronto para a etapa marxista: a ruptura violenta e a instauração de uma ditadura do proletariado passam a parecer naturais, legítimas ou até desejáveis.

Dessa forma, a pedagogia gramscista atua como catalisador da teoria marxista: sem precisar impor pela força no início, prepara subjetivamente a população para aceitar a violência revolucionária quando esta se apresentar como desfecho inevitável.

O cruzamento das ideias revela que a atual crise educacional não é mero acidente, mas resultado de um plano estratégico de hegemonia cultural. A perda de densidade acadêmica e a ênfase em competências socioemocionais não significam apenas modernização pedagógica: representam a transformação da escola em aparelho ideológico, onde se internalizam valores úteis a projetos de poder.

Assim, a revolução cultural gramscista encontra sua aplicação mais evidente na sala de aula, legitimada pelo discurso de inovação pedagógica que Bernardin desmascara.

O diálogo entre Pascal Bernardin e Antonio Gramsci evidencia que a tomada do sistema educacional é a peça central da revolução cultural contemporânea. Se Marx via a revolução pela força, Gramsci percebeu que o caminho seguro era moldar consciências através da escola. Bernardin demonstra como essa estratégia foi operacionalizada por meio da psicopedagogia e das reformas globais da educação.

No entanto, a infiltração gradual não exclui a ruptura marxista: ao contrário, prepara-a. Uma vez moldadas as consciências, a sociedade encontra-se pronta para aceitar — e até clamar por — a revolução.

A crise atual da educação, portanto, não é apenas pedagógica, mas civilizacional: revela a disputa pelo controle da mente e da cultura. Reconhecer esse processo é o primeiro passo para resgatar a escola como espaço de conhecimento, liberdade intelectual e formação crítica — e não de doutrinação.

sexta-feira, 12 de setembro de 2025

A Linguagem como Disfarce: Entre Verdades Incômodas e Mentiras Sofisticadas

Na sociedade contemporânea, a linguagem deixou de ser apenas um instrumento de comunicação para se tornar um poderoso mecanismo de controle e manipulação. A distorção, a manipulação e o ajuste linguístico funcionam como técnicas — muitas vezes aplicadas até de forma inconsciente — que remodelam a realidade ou a substituem por narrativas moldadas segundo a visão de quem as propaga.

George Orwell já alertava, em 1984, para o papel da novilíngua: um idioma projetado para limitar o pensamento e comprimir a realidade em moldes preestabelecidos. George Lakoff, em sua teoria do framing, reforça essa ideia ao demonstrar como a linguagem ativa frames mentais que condicionam a interpretação do mundo. O perigo é que, nesse processo, narrativas corrompidas se espalham como um vírus memético — infiltrando-se no imaginário coletivo e moldando percepções de maneira quase invisível.

O que agrava esse quadro é o paradoxo social que se instala: exige-se falsa polidez para que verdades sejam aceitas, mesmo quando precisam ser ditas em termos duros ou agressivos. Enquanto isso, os maiores absurdos encontram acolhida quando embalados em linguagem sofisticada. A forma se sobrepõe ao conteúdo, criando um filtro invertido. Verdades cruas são rotuladas de “incivilizadas” ou “ofensivas” pela ausência de ornamentos retóricos; já mentiras requintadas ganham o prestígio de sabedoria profunda.

Esse fenômeno não é novo. Na Grécia Antiga, os sofistas já exploravam a eloquência como ferramenta para vender ilusões, confundindo o valor da retórica com o valor da verdade. Hoje, vemos reflexos desse mesmo jogo nos debates públicos: um político que denuncia a corrupção de forma incisiva corre o risco de ser cancelado pelo “tom agressivo”, enquanto outro, ao defender políticas lesivas com eufemismos técnicos é celebrado como sofisticado.

O resultado é corrosivo: o debate público se degrada, a substância cede lugar à performance e a busca pela verdade é substituída pelo culto ao estilo. O filósofo Marshall McLuhan já dizia que “o meio é a mensagem”; mas, neste contexto, o meio não apenas carrega a mensagem, ele a disfarça. O polido prevalece sobre o verdadeiro, e a gramática elevada serve como cortina para ocultar incoerências, mentiras e manipulações.

Se essa dinâmica não for questionada, arriscamo-nos a viver em uma cultura de superficialidade, onde não importa o que se diz, mas apenas como se diz. Uma sociedade assim não caminha para a maturidade, mas para o espetáculo — um palco em que o verniz da linguagem importa mais que o conteúdo da realidade.

quinta-feira, 11 de setembro de 2025

Quem São os Entes Verdadeiramente Nocivos à Sociedade?

A história recente nos fornece episódios que não podem ser ignorados. Jair Bolsonaro, Donald Trump e, mais recentemente, Charlie Kirk — nomes inegavelmente vinculados ao campo conservador — foram alvos de atentados contra suas vidas. O ponto em comum? Todos foram atacados por indivíduos que partem de um espectro ideológico diametralmente oposto as vítimas.

A pergunta inevitável é: quem, afinal, são os entes verdadeiramente nocivos à sociedade? Os que defendem suas ideias no campo do debate político ou aqueles que, na falta de argumentos e incapazes de conviver com a diferença, recorrem à violência física para silenciar o adversário?

É notório que o progressismo e o esquerdismo veste-se de salvador da democracia. Seus líderes e militantes proclamam ser guardiões da justiça social, dos direitos humanos e da inclusão. Mas, por trás desse verniz, as práticas revelam outra face: relativização da lei, leniência com o crime, banalização da vida e censura disfarçada de “combate ao discurso de ódio”.

Não é à toa que vemos a esquerda aplaudindo a legalização de drogas, minimizando delitos, tratando criminosos como vítimas e invertendo valores morais a ponto de chamar de virtude o que, na essência, corrói famílias, enfraquece comunidades e destrói a coesão social.

O conservadorismo, ainda que alvo de críticas, sustenta pilares milenares que garantem a civilização: família, responsabilidade individual, mérito, segurança, moralidade, fé e liberdade econômica. Já o progressismo, ao contrário, atua como corrosivo:

·         Enfraquece a lei, transformando o criminoso em herói social.

·         Ataca a meritocracia, criando uma cultura de privilégios e mediocridade.

·         Relativiza valores, promovendo hábitos e comportamentos que, em médio e longo prazo, degradam a saúde moral de uma nação.

·         Impõe censura e violência, cancelando, silenciando ou até eliminando quem ousa discordar.

Se esses não são sintomas de um ente nocivo, o que seriam?

A verdadeira face da nocividade aparece quando o debate de ideias é substituído pela eliminação do adversário. Quando a divergência política deixa o espaço da palavra e entra no campo da faca ou da bala, já não estamos diante de cidadãos que disputam projetos de nação, mas de bárbaros que recusam o pacto mínimo da vida em sociedade.

Importa esclarecer, no entanto, que em se tratando de diálogo e debate, o contraditório deve permanecer no campo das ideias; mas isso não exclui o uso da força em defesa da integridade física e da vida quando o debate é rompido e a violência parte de quem rejeita a palavra. Nesses casos, a legítima defesa não é agressão, mas preservação da ordem. E ainda assim, os mesmos que provocam e atacam costumam se fazer de vítimas, distorcendo os fatos para encobrir o próprio papel de agressores.

E aqui a história é clara: os conservadores citados foram alvos de violência, não autores dela. O progressismo, que tanto se autoproclama defensor da democracia, tem protagonizado episódios que negam a própria democracia que dizem proteger.

A radicalização pode, de fato, nascer em qualquer espectro político. Mas a realidade contemporânea mostra que é no campo progressista, na esquerda, no comunismo que mais frequentemente surgem os ataques contra os fundamentos de uma sociedade civilizada. Sob o pretexto de liberdade, promovem libertinagem; sob a bandeira da justiça social, alimentam privilégios; sob o rótulo de defensores da democracia, praticam censura e violência.

Assim, quem são os entes verdadeiramente nocivos à sociedade? Quantos Charlie Kirk ainda terão de morrer para que o mundo compreenda que este caminho — esta ideologia travestida de virtude — não conduz à democracia, mas sim à aniquilação do ser humano enquanto sociedade civilizada? Até quando se permitirá que, em nome de uma falsa liberdade e de uma justiça social distorcida, se pratique a violência e se destrua tudo aquilo que historicamente sustenta a vida humana?

Certamente os que defendem valores conservadores, ainda que de forma dura ou impopular, não são os responsáveis. Claramente se conclui que o antagonismo vem daqueles que, travestidos de defensores do povo, destroem os pilares da ordem, do mérito e da moralidade — e que, incapazes de vencer no debate, recorrem ao ato mais vil: a eliminação do adversário.

Estes, sim, representam tudo o que deve ser evitado, denunciado e eliminado de uma sociedade que deseja permanecer livre, justa e civilizada.

Estado de Direito: a essência que a retórica democrática corrompe

Muito se repete nos discursos políticos e jurídicos a expressão “Estado Democrático de Direito” como se fosse a definição mais completa e legítima da ordem jurídica moderna. ” Um mantra político-jurídico repetido sem reflexão. Essa formulação é uma construção retórica que desvia o foco daquilo que é essencial, o Estado de Direito em sua pureza, adjetivando-o ideologicamente e enfraquecendo sua essência.

O conceito de Estado de Direito já é, por si só, suficiente para garantir que nenhum poder esteja acima da lei, que os direitos fundamentais sejam preservados e que a justiça seja aplicada de forma universal e impessoal. Ao acrescentar o adjetivo “Democrático”, a expressão se reveste de um viés ideológico que enfraquece essa imparcialidade. Abre-se uma perigosa brecha, fazendo a justiça deixar de ser universal para se tornar refém de agendas políticas, de pressões coletivas ou da vontade circunstancial. A justiça, que deveria ser cega, passa a enxergar preferências, transformando o Direito em um instrumento de manipulação, um carimbo legitimador daquilo que convém ao poder do momento.

O termo “democrático” sugere que a justiça deve se inclinar a critérios majoritários ou a pautas coletivas, quando ela deve ser cega, equânime e insensível a pressões políticas ou sociais. A lei, em um verdadeiro Estado de Direito, não distingue cidadãos por origem, classe, convicção ou preferência política. Sua função é aplicar-se igualmente a todos, sem concessões ao populismo ou a ideologias travestidas de princípios jurídicos. O adjetivo “Democrático” não acrescenta nada ao conceito. Ao contrário, dilui a neutralidade da lei, introduzindo nela um viés político que corrompe a própria ideia de justiça.

Assim, a inserção do qualificativo “Democrático” abre espaço para interpretações que relativizam a lei em nome de agendas particulares, corrompendo a neutralidade que deveria sustentar a ordem jurídica.

O essencial é resgatar a clareza do conceito: Estado de Direito. Somente ele, em sua essência, garante a limitação do poder, a supremacia da lei e a aplicação imparcial da justiça. Adjetivar esse conceito com o termo “Democrático” não o enriquece, mas o torna vulnerável a distorções. O Direito não deve ser democrático nem aristocrático: deve ser simplesmente justo, universal e cego diante das diferenças humanas.

quarta-feira, 10 de setembro de 2025

Onde Estão Nossos Heróis: A Força Expedicionária Brasileira: Lembrados na Guerra, Esquecidos na Paz.

A história da Força Expedicionária Brasileira é um exemplo claro de como interesses políticos moldam a memória coletiva. Getúlio Vargas enviou homens à guerra para atender às demandas do cenário internacional, mas ao vê-los retornar como heróis da luta contra o fascismo, silenciou sua glória para não expor a contradição de seu regime.




Introdução

A participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial, por meio da Força Expedicionária Brasileira (FEB), representa um dos capítulos mais marcantes — e ao mesmo tempo mais ignorados — da nossa História. Entre 1944 e 1945, cerca de 25 mil soldados brasileiros combateram na Itália, enfrentando trincheiras, frio intenso e as forças nazifascistas. Contudo, ao retornarem ao país, esses homens que haviam escrito uma página heroica foram recebidos não como heróis nacionais, mas como figuras incômodas a um governo que preferia o silêncio.


Desenvolvimento

O envio da FEB à Europa foi uma decisão estratégica e também política de Getúlio Vargas. Pressionado pelo alinhamento internacional e pela necessidade de modernizar a imagem do Brasil, o ditador do Estado Novo acabou autorizando a participação brasileira ao lado dos Aliados. A ironia histórica é evidente: soldados brasileiros partiam para lutar contra o fascismo na Europa enquanto, em sua própria pátria, viviam sob uma ditadura.

No front, os pracinhas conquistaram vitórias notáveis, como a Tomada de Monte Castello, a Batalha de Montese e a rendição de milhares de soldados alemães. O símbolo da cobra fumando, nascido da descrença de que o Brasil algum dia iria à guerra, transformou-se em um emblema de coragem. A FEB mostrou ao mundo que o Brasil tinha homens capazes de enfrentar uma das maiores ameaças da humanidade no século XX.


O drama de Monte Castello

Um dos episódios mais simbólicos foi a batalha de Monte Castello, considerada praticamente impossível de vencer. Aliados já haviam tentado e fracassado: franceses, ingleses e até os próprios americanos. Os nazistas estavam no alto da montanha, com campo de visão total; quem subia tornava-se alvo fácil. Se fosse de dia, o inimigo via tudo. Se fosse à noite, o frio intenso podia matar antes mesmo das balas.

Foram quatro tentativas frustradas até que, na quinta, o comando brasileiro decidiu arriscar tudo. Era uma missão suicida. Entre tiros que vinham mais rápido que o som, soldados avançavam enquanto outros caíam ao lado, vítimas de disparos ou da hipotermia. Era subir e perder um companheiro, rastejar mais alguns metros e ver outro tombar.

Naquele cenário de horror, entre o medo e a incerteza, surgiu algo extraordinário. Soldados de diferentes partes do Brasil começaram a se reconhecer uns nos outros:

Quem é você? perguntou um.
Sou da Bahia.
E você?
Sou gaúcho.
Sou mineiro.
Sou do Pará.

Daquela conversa improvisada nasceu uma canção: “Você sabe de onde eu venho?”. Um dizia vir do morro Engenho, outro do cafezal, outro das montanhas alterosas, outro dos pampas ou do seringal. O refrão ecoava como oração: “Por mais terras que eu percorra, não permita Deus que eu morra sem que eu volte pra lá.”

Entre tiros e frio cortante, os soldados cantavam sobre a terra natal, sobre noivas que os esperavam, sobre o desejo de voltar para casa. E assim, unidos não por ideologias, mas pelo amor à pátria e à vida simples que deixaram para trás, os pracinhas brasileiros avançaram. Antes do nascer do sol, queimaram a bandeira nazista e fincaram a do Brasil no alto de Monte Castello.

Foi ali que descobriram que guerras não se vencem apenas por estratégia ou política. Vencem-se pela determinação de homens comuns que não querem conquistar territórios, mas simplesmente voltar para casa.


Um contraste marcante

Enquanto no Brasil a memória da FEB foi silenciada, na Itália ela é celebrada até hoje. Todos os anos, desde o final da Segunda Guerra Mundial, crianças da cidade de Montese cantam, em português, o hino da Força Expedicionária Brasileira, em homenagem à libertação da região do domínio nazista. É um gesto simbólico e poderoso: em terras estrangeiras, os pracinhas recebem o reconhecimento que lhes foi negado em sua própria pátria.

A Itália dá aos soldados brasileiros o tratamento que o Brasil não lhes concedeu. É um povo que valoriza sua história, mesmo quando feita por outros. Esse contraste revela não apenas a grandeza do feito, mas também a profunda falha do Brasil em preservar e honrar sua memória militar.

Muitos monumentos que homenageiam a Força Expedicionária Brasileira foram erguidos no Brasil. O mais conhecido é o Monumento Nacional aos Mortos da Segunda Guerra Mundial, no Rio de Janeiro, conhecido como "Monumento dos Pracinhas". Ele abriga o Mausoléu da FEB e o Espaço Cultural com acervo sobre a participação do Brasil na guerra. Existem outros memoriais, como o Monumento Histórico da FEB em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, e o Monumento ao Expedicionário em Santo Ângelo, Rio Grande do Sul. Mas monumentos são metal frio e pedras mudas. Sem memória viva, sem ensino nas escolas e sem orgulho nacional, tornam-se apenas obras visitadas em dado momento ou ao acaso. O que se ergueu em pedra e bronze, a história escrita tentou enterrar em silêncio.

A FEB não lutou por glória, mas pela vida simples que cada pracinha sonhava reencontrar. O silêncio histórico que se seguiu é uma segunda morte desses homens. Se a Itália os canta até hoje, o Brasil tem a obrigação de transformar bustos em memória viva, monumentos em lições de cidadania e silêncio em reconhecimento. Porque um país que esquece seus heróis está condenado a nunca tê-los de verdade.

Bukele, Lula e o duelo de narrativas na ONU

 A Assembleia Geral da ONU, que se pretende o palco máximo do “consenso global”, mostrou neste ano algo mais profundo do que simples discurs...