quarta-feira, 24 de setembro de 2025

As Consequências da Política de Alinhamento do Brasil com Regimes Autoritários

A política externa de um país é reflexo direto da visão de mundo e do caráter de seus governantes. No caso do Brasil, sob a liderança de Luiz Inácio Lula da Silva, fica cada vez mais evidente uma preferência por alianças que extrapolam o pragmatismo diplomático e revelam afinidade com regimes autoritários e hostis ao modelo democrático ocidental. Esse posicionamento tem consequências sérias não apenas no plano internacional, mas também no ambiente político e institucional interno.



1. Afinidade ou Pragmatismo?

É verdade que toda nação precisa dialogar com diferentes atores globais, mesmo aqueles que divergem em valores e princípios. Contudo, há uma diferença clara entre manter relações diplomáticas e abraçar regimes que atacam frontalmente a liberdade, a democracia e os direitos fundamentais.

As reiteradas manifestações de proximidade entre Lula e líderes como Fidel Castro, Hugo Chávez, Ahmadinejad, Ortega e Assad, muitas vezes acompanhadas de elogios e gestos de amizade, ultrapassam os limites do pragmatismo e deixam transparecer um alinhamento ideológico. Isso compromete a credibilidade do Brasil como uma democracia estável e confiável.

 

2. Impactos nas Relações com os Estados Unidos

Os EUA, mesmo com seus problemas e contradições, representam hoje a maior potência do Ocidente e são defensores declarados de liberdades fundamentais, combate ao terrorismo e ao narcotráfico internacional.

Ao se aproximar de regimes que abertamente se colocam contra o Ocidente, o Brasil envia mensagens ambíguas:

·         Desconfiança diplomática: os EUA passam a ver o Brasil como um parceiro pouco confiável, capaz de oscilar entre o campo democrático e o autoritário.

·         Isolamento em agendas estratégicas: em questões como segurança regional, combate ao narcotráfico e ao terrorismo, o Brasil deixa de ser protagonista e assume um papel secundário ou omisso.

·         Perda de influência econômica: investidores internacionais, especialmente norte-americanos, interpretam essa postura como instabilidade política, reduzindo a confiança no Brasil como destino seguro de capital.

 

3. Reflexos Internos: Judiciário e Governo

A afinidade com regimes que relativizam a democracia não se limita ao campo da política externa. No plano interno, cria-se um ambiente fértil para práticas que fragilizam instituições e valores democráticos.

Nos últimos anos, observa-se um judiciário ativista, que ultrapassa suas funções constitucionais e atua de forma política, restringindo liberdades, perseguindo opositores e aplicando censura. Esse comportamento encontra no atual governo apoio tácito, uma vez que a narrativa é semelhante à dos regimes autoritários com os quais o Brasil busca se alinhar: concentrar poder, controlar discursos e relativizar garantias fundamentais.

 

4. Omissão no Combate ao Terrorismo e Narcotráfico

Outro reflexo grave dessa postura é a falta de firmeza em declarar organizações criminosas como grupos terroristas. Facções brasileiras, que hoje têm atuação internacional, não são tratadas com a devida gravidade, enquanto países vizinhos e parceiros estratégicos dos EUA reforçam sua cooperação no combate ao crime organizado.

Essa omissão:

·         Enfraquece a posição do Brasil no combate global ao terrorismo e narcotráfico.

·         Passa a imagem de um país leniente com o crime organizado, justamente em uma região marcada pelo crescimento de cartéis e facções transnacionais.

·         Afasta o Brasil da cooperação efetiva com os EUA e outras democracias que têm investido pesado nessa luta.

 

5. As Consequências para o Brasil

As escolhas de Lula têm repercussões de longo prazo, mas também efeitos imediatos de curto prazo, principalmente nas relações com os Estados Unidos:

·         Lei Magnitsky: cidadãos, políticos e empresários brasileiros podem ser alvo de sanções pessoais impostas pelos EUA, incluindo congelamento de ativos e restrições de visto, caso sejam interpretados como cúmplices de corrupção ou violações de direitos humanos.

·         Seção 301 do Trade Act: usada pelos EUA para retaliar práticas consideradas desleais ou hostis ao comércio internacional, podendo resultar em tarifas, barreiras comerciais e restrições ao acesso de produtos brasileiros ao mercado norte-americano.

·         Isolamento diplomático: o Brasil perde espaço nas discussões multilaterais e pode ver sua participação em fóruns internacionais esvaziada.

·         Risco econômico: investidores estrangeiros, atentos às sanções e ao afastamento dos EUA, passam a ver o Brasil como um país de risco, aumentando a fuga de capitais e a desvalorização cambial.

·         Erosão interna da democracia: o exemplo de aproximação com regimes autoritários reforça práticas semelhantes dentro do país, corroendo a confiança nas instituições nacionais.

 

Conclusão

A diplomacia de Lula não pode ser reduzida a “pragmatismo”. Quando se abraça e legitima ditadores, quando se omite diante do terrorismo e do narcotráfico, e quando se relativizam princípios democráticos no plano interno, o que se vê é uma escolha consciente de alinhamento.

Essa escolha tem custos concretos e imediatos: expõe o Brasil a sanções, fragiliza sua posição internacional, afasta investidores, compromete sua relação com os EUA e abre espaço para práticas autoritárias dentro do país.

Se o Brasil deseja ser protagonista global, precisa se colocar ao lado da liberdade, da democracia e da cooperação no combate ao terrorismo e ao crime organizado. Do contrário, corre o risco de se isolar e pagar um preço alto por alianças que não trazem estabilidade, mas sim destruição.

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