O caráter de uma pessoa pode ser medido pelos seus hábitos: quem são seus heróis e ídolos, o que lê, o que ouve, o que fala, com quem conversa, as pessoas com quem convive e os lugares que frequenta. Tudo isso molda sua mente e direciona sua conduta. Negar esse princípio é ir contra a própria natureza humana. É um paradoxo afirmar que, mesmo cultivando hábitos questionáveis, isso não afeta quem você é. É impossível sustentar um bom caráter quando a psique se alimenta de práticas reprováveis ou duvidosas.
E aqui me atenho especialmente aos heróis, ídolos e às pessoas de convívio diário. Se, dentro dessa esfera, alguém manifesta pensamentos ou hábitos abomináveis, e isso não lhe causa incômodo ou constrangimento, significa que, consciente ou não, você pactua com tais práticas. Afinal, a tolerância diante do erro é, por si só, uma forma de concordância.
Esse princípio se estende também à esfera política. Não é admissível apoiar quem, de forma comprovada e reiterada, pratica a corrupção, mente como quem respira e se associa a outros tão ou mais vis, sustentando regimes atrozes. Apoiar tais figuras é fechar os olhos para a degeneração moral e, em última instância, tornar-se cúmplice dela.
Em suma, o
caráter não se revela apenas no que alguém declara ser, mas sobretudo naquilo
que escolhe admirar, tolerar e defender. É no reflexo dos hábitos, das
companhias e dos apoios que se encontra a verdade sobre quem somos.
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