Certos discursos políticos se valem de frases de efeito para seduzir o público, mas, quando analisados com atenção, revelam contradições profundas. Um exemplo é o argumento de que “um país precisa garantir que muitos tenham pouco dinheiro para dar certo”. Essa afirmação, embora revestida de retórica social, nada mais é do que a pregação da escassez como modelo de sociedade.
O raciocínio começa com a constatação de que “os ricos não precisam do país”. Trata-se de uma obviedade travestida de revelação, um recurso comum na demagogia: apresentar o trivial como se fosse genial.
Na sequência, vem o ponto central: “um país precisa garantir que muitos tenham pouco dinheiro”. Ao invés de defender a geração de prosperidade, o que se propõe é um nivelamento por baixo — a institucionalização da pobreza como regra. Essa “política da escassez” mascara-se como justiça social, mas, na prática, é a perpetuação da miséria.
Quando afirma que “se poucos têm muito, a maioria não tem”, o discurso cai em circularidade. Ora, se poucos concentram riqueza, é evidente que sobra pouco para os demais. Mas o raciocínio se encerra aí, sem oferecer solução real, apenas reforçando um óbvio ululante.
No fechamento, surge o truque semântico: o uso da palavra “suficiente”. Depois de pregar que todos devem ter “pouco”, o discurso se corrige e troca “pouco” por “suficiente”. A intenção é clara: suavizar a mensagem para não parecer uma defesa aberta do comunismo, deslocando a interpretação para algo mais aceitável e menos radical.
Esse tipo de retórica é típico do populismo: verborrágico, contraditório e construído para confundir o ouvinte incauto. Sob a aparência de defesa dos pobres, esconde-se uma lógica que não promove prosperidade, mas sim a estagnação social. Ao invés de nivelar a sociedade por baixo, o verdadeiro desafio é criar condições para que todos ascendam, com dignidade e liberdade, a patamares de prosperidade real.
Nenhum comentário:
Postar um comentário