No último 7 de setembro, assistimos a um espetáculo curioso: setores da esquerda rechaçaram a presença da bandeira dos Estados Unidos nas manifestações. O argumento era o de que tal símbolo representaria submissão a uma potência estrangeira. Entretanto, a mesma esquerda que se revolta contra a bandeira americana não encontra problema algum em empunhar, em inúmeras ocasiões, a bandeira da Palestina — e não para expressar genuína solidariedade ao povo palestino, mas para legitimar, ainda que de forma disfarçada, a agenda do Hamas.
Esse contraste não é apenas incoerente; é revelador. Rechaçar a bandeira dos EUA significa repudiar valores associados à liberdade, à democracia, ao progresso e ao poder ocidental. Já aceitar e até exaltar a bandeira palestina, vinculada ao Hamas, é fechar os olhos para o fato de que se trata de um grupo terrorista que oprime, assassina e prega a destruição de Israel. Em outras palavras, rejeita-se a representação de uma democracia, mas tolera-se — e até romantiza-se — um símbolo que se transformou em manto ideológico de uma organização terrorista.
A raiz dessa contradição está na incapacidade de ler nas entrelinhas. A cegueira ideológica, cultivada por discursos que trocam pensamento crítico por slogans, faz com que muitos aplaudam incoerências grotescas acreditando estarem do “lado certo da história”. O povo, sem perceber, é manipulado a servir de massa de manobra: hostiliza símbolos de democracia, mas aceita passivamente a defesa de grupos que sobrevivem pelo terror.
E não é apenas no campo internacional que isso fica evidente. No Brasil, o próprio governo já deu provas dessa lógica quando se recusou a classificar o PCC — uma facção criminosa responsável por assassinatos, tráfico e controle paralelo de territórios — como organização terrorista. Se não se condena de forma clara o crime organizado em casa, como se esperar firmeza diante do terrorismo fora das fronteiras?
O discurso, portanto, se revela uma farsa. Sob o pretexto de solidariedade, o que se pratica é a condescendência com o terror. Sob a bandeira da “justiça social”, o que se mantém é a cegueira ideológica que serve a projetos de poder, não ao povo.
No fim, a questão não é sobre bandeiras. É sobre coerência, valores e coragem de enxergar a realidade para além dos símbolos manipulados por ideologias que se alimentam da incapacidade crítica das massas.
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